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Memória, tradição, cultura popular e religiosidade


Plano de Aula do Filme Maré Capoeira | Ficção | De Paola Barreto Leblanc | 2005 | 14 min | RJ


1. O filme: Maré Capoeira
Guiados por João, mais conhecido como Maré - garoto de dez anos que dá nome ao curta, - por suas histórias, suas lembranças e sua paixão pela capoeira, somos levados a conhecer aspectos da história e da cultura afro-brasileira que se misturam à sua própria história de vida.
É Maré quem nos explica, com o orgulho do pertencimento, o funcionamento da roda de capoeira: fala das histórias que viram chulas
e do significado de suas letras, fala dos gestos que acompanham os jogadores na roda, como na hora de pedir proteção e cumprimentar o adversário, ainda no pé do berimbau. Fala das capoeiras de angola e regional e seus mestres, de quando ela era proibida e da herança africana.
Ao mesmo tempo em que nos fala sobre a capoeira e nos conta sua história, Maré revela um pouco sobre sua própria vida: apresenta-nos sua mãe, que também participa da roda, faz-nos conhecer a garota Tatuí (bisneta do mestre Pastinha), de quem ele se tornou amigo após uma rusga na roda e por quem nutre um carinho especial. Conta-nos sobre o seu desejo de se tornar um mestre, assim como os homens de sua família, demonstrando orgulho e vontade de perpetuar a tradição e a identidade de sua família.
O filme tem como principal cenário a roda de capoeira e alinha as narrativas textual e imagética a serviço da construção do discurso que positiva a prática da capoeira, conferindo a ela um papel de destaque na construção da tradição e da identidade dos afro-descendentes.
Maré Capoeira é um filme que conta duas histórias: a do menino João, um garoto negro de 10 anos de idade, seus desejos e frustrações, e a da própria capoeira, como manifestação sócio-cultural.
2. Conversando sobre a linguagem cinematográfica
É importante chamar atenção dos alunos para o fato de que qualquer filme, para além de contar uma história, representa um discurso, uma tomada de posição do/a diretor/a em relação ao assunto ou tema tratado.
No caso do curta Maré Capoeira não é diferente: a construção da história se dá com base em dois tipos de narrativas - imagética e textual - que se sobrepõem e se complementam para produzir um certo discurso.
Enquanto a narrativa textual é representada pela voz-off do protagonista e pelas letras das canções entoadas na roda, a narrativa imagética é composta pelo conjunto de imagens previamente selecionadas pela diretora, que incluem tanto as cenas filmadas na roda quanto as fotos de arquivo, desenhos e pinturas.
A intenção de mostrar a capoeira como uma prática cultural tradicional e como herança direta das culturas africanas, a despeito desta ser fruto da cultura cativa do meio urbano no século XIX no Brasil, está presente no filme e se explicita na complementaridade dos discursos imagético e textual.
Essa prática se evidencia em vários momentos, em especial quando algumas imagens são destacadas de seus contextos originais e são recrutadas para ilustrar e reforçar a narrativa textual, como acontece no trecho em que Maré relembra a fala de seu avô que dizia que a capoeira "já estava no sangue dos africanos que vieram para o Brasil", e o discurso é acompanhado pela imagem de três caravelas rumando do continente europeu para o Brasil, ou ainda por pinturas que retratam cativos mais velhos. Esses recursos buscam explorar o tempo da ´longa-duração" no qual se baseia o discurso da tradição.
3. Para refletir: a capoeira de um ponto de vista histórico
A despeito da fala de Maré, que diz que seu bisavô lhe contou "que a capoeira estava no sangue dos africanos que vieram para o Brasil", ou que "a capoeira de Angola vem de uma cerimônia africana, da disputa de dois homens por uma mulher", é preciso lembrar aos alunos que a capoeira não veio pronta da África.
Ela surgiu na América Portuguesa graças à combinação de diferentes culturas africanas, que foram trazidas pelos negros escravizados que viviam na zona urbana, especialmente aqueles vindos da África Centro-Ocidental, isto é, Angola, Congo e Cabinda.
Segundo o historiador Carlos Eugenio Líbano Soares , a capoeira era uma forma de defesa e de afirmação física do cativo perante seu senhor e principalmente, perante o Estado.
A tradição rebelde da capoeira e sua resistência à escravidão rendiam aos capoeiristas um alto preço a pagar: em 1818 a pena para eles era de pelo menos 300 chibatadas. Não havia nenhuma outra prática dos escravizados que recebesse uma punição tão severa quanto a capoeira, já que ela possibilitava que o cativo enfrentasse diretamente a ordem do Estado policial.
O fato dos capoeiristas terem sempre apelidos tem a ver com a sua repressão, uma vez que seus praticantes eram obrigados a usar codinomes para não serem identificados e presos pela polícia.
Apesar de nascer como forma de defesa do cativo contra as práticas de violência de seus senhores, a capoeira se tornou ela mesma um vetor da violência urbana no século XIX, com lutas de grupos por domínios de territórios, como os conflitos ocorridos entre os nagoas e os guaiamus.
Em 1890 a capoeira foi enquadrada como crime pelo Código Penal da República, que dizia:
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação capoeiragem andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, promovendo tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena: De prisão cellular de dous meses a seis mezes.
A perseguição e repressão da capoeira pelas autoridades são representadas no curta por meio da combinação do discurso textual, pela fala do protagonista quando este diz que "teve um tempo que a capoeira era proibida, e que dava até cadeia", e do discurso imagético, composto pelas fotos de arquivo de autos de infração e pelos inquéritos policiais contra os capoeiras. São ainda reforçadas pela música, cantada na roda, cuja letra diz:
"Toma cuidado seu moço
que essa luta é pra valer
quando a polícia chegou
foi um tal de auê auê"
Grande parte do repertório das canções entoadas nas rodas de capoeira fala de perseguição e de repressão à sua prática. Também muitas delas falam do revide dos capoeiras a essa perseguição, como no trecho a seguir:

"vamos jogar capoeira
enquanto a polícia não vem
e quando a polícia chegar
apanha a política também"
4. Conhecendo um pouco mais a capoeira atual
Considerar a capoeira somente como um esporte é limitá-la a apenas uma de suas várias faces e menosprezar o vasto universo sócio-cultural na qual ela está inserida.
Principal expressão da cultura dos escravizados no meio urbano no século XIX, a capoeira também servia como uma forma de socialização de seus praticantes, integrando-os a um grupo maior, cujos membros se identificavam tanto pela situação sócio-econômica quanto por alguns aspectos culturais comuns.
Atualmente a capoeira é praticada como um esporte, como um jogo lúdico que requer flexibilidade, alongamento, força, conhecimento das regras e principalmente respeito e malícia para saber lidar com o outro jogador.
4.1. O Batizado
O batizado de capoeira representa o momento em que os indivíduos recebem a sua primeira graduação pelo grupo.
Nos dias de hoje os capoeiras são graduados de acordo com os seus conhecimentos e com o tempo de prática na capoeira. Cada graduação é representada por uma cor na corda, que é amarrada na calça do capoeirista e designada dentre um conjunto de cores determinadas previamente por cada grupo, para representar as graduações.
No dia do batizado eles deixam de ser "pagãos" e adotam um apelido, respeitando uma tradição presente desde os tempos que a capoeira era considerada uma arte marginal e os capoeiristas eram obrigados a usar codinomes para não serem identificados e presos pela polícia.
4.2. Roda de capoeira
Para iniciar o jogo da capoeira, "os capoeiristas dirigem-se para onde estão os instrumentistas e agacham-se ao pé do berimbau"
. Esse gesto é uma reverência onde os capoeiristas pedem e agradecem a proteção dos céus.
Os capoeiristas se cumprimentam todas as vezes que entram ou saem de uma roda como sinal de respeito.
Na roda, são entoadas cantigas que tem seu refrão repetido por todos os participantes, ritmadas pelo toque de instrumentos como o berimbau, o pandeiro e o atabaque, além das palmas dos capoeiristas.
O berimbau, que serve para ditar o ritmo ao jogo, também servia para anunciar a chegada de um feitor e a hora de transformar a luta em dança. É também o berimbau que dá o tom e comanda o ritmo para a execução das cantigas.
4.3. A ginga
A ginga é a movimentação básica da Capoeira e de onde se originam todos os seus movimentos.
Segundo definição de Mestre Decânio ,
"A ginga consiste no movimento ritmado de todo o corpo, acompanhando o toque do berimbau, com a finalidade principal de manter o corpo relaxado e o centro de gravidade do corpo em permanente deslocamento, pronto para esquiva, ataque, contra-ataque ou fuga.
Durante o gingado, o praticante deve manter-se em movimento permanente, simulando tentativas de ataque e contra-ataque, sempre atento às intenções do parceiro, em contínua postura mental de esquiva e proteção dos alvos potenciais de ataques."
4.4. Toques do berimbau
O berimbau dita o ritmo do jogo, é ele que comanda o toque a ser executado. A capoeira apresenta diversos toques que são executados de acordo com a ocasião. Dentre eles podemos destacar:
Angola: é o toque de abertura, lento, onde o mestre da roda, aquele que toca o berimbau, inicia uma ladainha - saudação - e os capoeiristas ficam esperando, ao pé do berimbau, a indicação para entrar na roda o jogo de Angola é lento e rasteiro, servindo para os capoeiras mostrarem flexibilidade e malícia.
São Bento Pequeno: é o toque usado em demonstrações, onde os golpes são executados a poucos centímetros do alvo.
São Bento Grande: é o toque para jogo violento, onde se procura atingir o outro capoeirista, que deve estar muito atento e ter muita agilidade para não ser atingido.
Amazonas: toque usado na chegada de um mestre visitante é o hino da Capoeira.
Cavalaria: esse toque antes fazia parte da comunicação entre o capoeira que estava de vigia e os que estavam jogando, indicando a chegada da polícia.
Iuna: é o toque que procura imitar o canto dessa ave é usado para o jogo entre mestres de capoeira, ou então, no enterro de um deles.
Santa Maria: toque fatalista, para jogo com navalha na mão ou no pé.
Benguela: toque para jogo com pau.
Idalina: toque para jogo de faca.
Barravento: toque para jogo rápido, que exige grande velocidade de reação.
5. Cantigas de capoeira
As cantigas de capoeira - a maioria de domínio público, tendo passado de mestres a alunos por várias gerações -, são usadas nas rodas como uma cartilha de ensino, servindo para sedimentar as regras do jogo e para transmitir a história e a filosofia da capoeira.
Segundo a pesquisadora Maria José Somerlate Barbosa, professora de literatura e cultura brasileiras da University of Iowa, muitas delas falam de concepções do mundo, valores morais e códigos de conduta, delineiam uma visão filosófica, louvam a Deus e recontam lendas e provérbios populares.
Outras descrevem os usos, costumes e folclores da Bahia, apresentam fragmentos da história do Brasil, referem-se à escravidão negra e à perseguição da polícia, homenageiam personagens históricos como Zumbi e cantam os grandes mestres da capoeira. Há ainda aquelas que analisam as regras do jogo/luta, descrevem a malícia e a malandragem, homenageiam o berimbau e examinam as ações e reações dos parceiros/adversários.
Ainda segundo Maria José Somerlate Barbosa, os três tipos mais comuns de cantigas são: a ladainha, a chula e o corrido.
A ladainha é longa narrativa introdutória que é entoada nas rodas da Capoeira Angola e que deve ser cantada por um mestre ou por alguém que tenha sua permissão ou respeitabilidade no universo da capoeira. É dirigida aos jogadores que vão entrar na roda e que, acocorados ao pé do berimbau, concentram-se para participar do jogo e aproveitam o momento para a compreensão da mensagem da letra que invoca idéias e valores importantes para o contexto do jogo em geral.
Enquanto ela é cantada não há jogo e nem resposta ou interferência do coro, que participa apenas no momento que o cantador acaba a história e entre no canto de entrada dizendo "iê vamos simbora/ iê é hora é hora" e assim por diante, até chegar na expressão "dá volta ao mundo".
A chula
é uma dança e um gênero musical do Recôncavo Baiano, especialmente da cidade de Santo Amaro da Purificação e cercanias. É parte da cultura afro-brasileira, também considerada uma vertente do samba de roda. A cantiga da chula segue a ladainha e funciona de maneira semelhante que a segunda: as frases escolhidas podem prestar homenagem a um aspecto do jogo, agradecer a Deus, falar de mestres e valores morais, descrever situações histórico-culturais, mas é mais curta do que a ladainha e serve para sinalizar o início do jogo.
Os corridos são cantados por todos da roda como resposta aos movimentos e às jogadas. São cantos ainda mais curtos do que a chula e têm o ritmo mais acelerado. No entanto, não há uma divisão rígida entre os tipos de cantigas, pois chulas e corridos são, às vezes, tratados como um tipo só .
Durante a roda, os capoeiristas, que ficam de pé formando a roda, acompanham a cantoria com palmas. A única exceção são as rodas de Angola, onde os capoeiristas ficam sentados e não batem palmas, só começando a cantar quando acaba a ladainha.




Objetivos
Trabalhar com conceitos como memória, tradição, cultura popular e religiosidade

estimular o respeito à diversidade e à diferença

subsidiar a implementação da Lei 11.465, de 10 de março de 2008 , que modificou artigo 26-A da LDB (Lei 9.394), antes alterado pela 106639/03, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena"

refletir sobre valores básicos à democracia e à cidadania como o respeito ao próximo e a valorização de diferentes saberes o respeito ao corpo, a necessidade da atividade física para o desenvolvimento psíquico-motor, o autoconhecimento e a análise crítica de potencialidades e limites individuais.

Situação Didática
6. Proposta para seqüência didática

6.1. Conhecendo e analisando cantigas de capoeira

Vamos conhecer a letra de algumas cantigas que são entoadas na roda de capoeira do curta? Preste atenção nas letras e procure interpretá-las, buscando seu significado. Depois, tente lembrar em que momento do filme elas aparecem e que tipo de relação estabelecem com as imagens veiculadas e a voz-off do narrador.

Por exemplo, a cantiga abaixo, chamada Leva morena me leva é cantada na roda justamente no momento do jogo entre Maré e Tatuí, a garota por quem Maré fica interessado. Será que a escolha dessa cantiga foi proposital? Por quê?

Vamos ler a letra da cantiga e tentar descobrir.

Leva morena me leva

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô
Oi leva morena me leva
Que hoje faz frio amanhã faz calor

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô

Oi leva morena me leva
Que hoje sou capoeira
Amanhã sou doutor

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô

Oi leva morena parceira
Me faz um denguinho
Me chama que eu vou

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô

Oi leva morena faceira
Pra um ranchinho
Lá em Salvador

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô

Oi leva morena me leva
Com o seu jeitinho
De fazer amor

O leva morena me leva
O me leva pro seu bangalô

Oi leva morena me leva
Que eu sou capoeira
Já disse que sou



A escolha desta e das demais cantigas do curta foram propositais: como narrativas textuais, elas ajudam a construir o discurso fílmico. No caso analisado, as idéias de empatia e interesse mútuo entre os personagens de Maré e Tatuí foram reforçadas pela letra da cantiga entoada no momento em que ambos se enfrentam na roda.

Assim, é importante perceber que além das imagens sugestivas que mostram a troca de olhares, os sorrisos e os movimentos corporais de ambas as personagens na roda, a diretora lançou mão da cantiga para reforçar o sentido da mensagem, cuja letra fala justamente de um homem que, apaixonado, quer se deixar levar pela morena, objeto de sua paixão.

Agora que você já experimentou analisar uma cantiga de capoeira e entendeu sua função na construção do discurso do curta, que tal fazer isso com as outras? Para facilitar o seu trabalho transcrevemos abaixo as letras de algumas delas. Boa atividade!

Paranaue

Vou dizer minha mulher, paraná. Capoeira me venceu, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
Eu aqui não sou feliz, paraná. Mas na minha terra eu sou, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
Vou embora pra Bahia, paraná. Porque lá é meu lugar, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
Tem a festa do Bomfim, paraná. E o Mercado Popular, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
Lá no céu tem três estrelas, paraná. Todas três de carrerinha, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
Uma é minha a outra é tua, paraná. E a outra vai sozinha, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
A mulher pra ser bonita, paraná. Não precisa se pintar, paraná.
Paranaue, paranaue, paraná.
A pintura é do diabo. E a beleza é Deus que dá, paraná.


Marinheiro só

Eu não sou daqui. Marinheiro só.
Eu não tenho amor. Marinheiro só.
Eu sou da Bahia. Marinheiro só.
E de São Salvador. Marinheiro só.
O marinheiro, marinheiro. Marinheiro só.
Que te ensino a navegar. Marinheiro só.
Foi o tombo do navio. Marinheiro só.
O foi o balanço do mar. Marinheiro só.
O marinheiro, marinheiro. Marinheiro só.
Quem te ensino a mandingar. Marinheiro só.
Eu aprendi foi com João. Marinheiro só.
E aprendeu com pastinha. Marinheiro só.
Lá vem lá vem. Marinheiro só.
Como ele vem faceiro. Marinheiro só.
Todo de branco. Marinheiro só.
Com seu bonezinho.Marinheiro só.



6.2. Fazendo uma chula

Para trabalhar em conjunto com a disciplina de Língua Portuguesa

As canções entoadas na roda da capoeira sempre contam uma história. Pode ser sobre casos que acontecem na vida das pessoas, sobre os desejos daqueles que cantam, sobre o sentimento dos que choram saudades da sua terra natal ou de alguém especial. Pode ser ainda uma homenagem aos antigos mestres ou amigos do peito.

Em dado momento do curta, Maré diz que "as histórias nunca morrem na roda, viram chula" e termina dizendo "um dia, eu ainda vou inventar a minha".

E de fato ele inventa: ao final do curta, Maré canta pra ouvirmos a chula que fez: além de falar da capoeira e de seus golpes (rabo de arraia, beija-flor, meia-lua e role), reflete a empolgação de Maré com Tatuí, a quem ele elogia na música, chamando-a de moça bonita e por quem é capaz até de cair.

Vamos ler a chula de Maré?

Chula de Maré

Na praia tem capoeira
Tem mesmo venha ver
Tem rabo de arraia
Tem beija-flor
Meia-lua e role

No jogo da capoeira
Tem vezes que eu vou cair
Quando a causa é moça bonita
Cheia de ginga que nem Tatuí

Fui na areia buscar, subi com a maré
Fui na areia buscar, dela eu vou levar
Fui na areia buscar, subi com a maré
Fui na areia buscar, dela eu vou levar

E você, como será que seria uma chula se fosse inventar uma? O que você contaria? Faria uma homenagem ou uma declaração a alguém, como fez Maré com Tatuí? Vamos tentar?

Comentários
7. Para Saber mais

Sites
http://www.capoeiradobrasil.com.br
http://www.portalcapoeira.com
http://www.lmilani.com
http://www.capoeirista.com.br
http://www.abada.org
http://www.capoeira-angola.com

Bibliografia
AREIAS, Almir das. O que é capoeira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
BARBOSA, Maria José Somerlate. "Capoeira: A Gramática do Corpo e a Dança das Palavras." In Luso-Brazilian Review 42.1, 2005. pp.78-98.
BOLA SETE, Mestre. A Capoeira Angola na Bahia. Rio de Janeiro: Pallas, 1997.
CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984. ________________. Made in Brasil. São Paulo: Global, 2001.
CONRAD, Robert Edgar. Tumbeiros: o tráfico escravista para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985.
DAVIS, Natalie. "Ritos de violência". In: Culturas do povo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
DUQUE-ESTRADA, Osório. Abolição: esboço histórico. Rio de Janeiro: Leite e Ribeiro, 1918.
FREYRE, Gilberto. Sobrados e mocambos. Rio de Janeiro: José Olympio. 1959.
REGO, Valdeloir. Capoeira de Angola. Salvador: Ed. Itapoan, s/d. REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês. São Paulo: Brasiliense, 1986.
RIO, João do. A alma encantora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1987.
RODRIGUES, Jaime. Negras imagens. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: A capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 1997.

Pedagogo Autor do Plano de Aula
Carla Miucci Ferraresi


Formação: Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (2007), Bacharel em História (1997) e em Ciências Sociais (2001) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Atividades Profissionais: Consultora de pesquisa histórica e de texto para Central Globo de Produção/ Rede Globo de Televisão. Coordenadora Pedagógica e Discente do curso Documentário,Crítica e Processo de Produção, inicialmente oferecido como curso de Extensão Universitária pela Escola da Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e atualmente promovido por Mnemocine- memória e imagem. Experiência na formação continuada de professores da disciplina de História do Ensino Público dos Ciclos Fundamental II e Médio, envolvendo os trabalhados de assessoria pedagógica e aulas ministradas em cursos e oficinas que visam a formação da competência leitora e análise crítica no processo de construção do conhecimento histórico, com ênfase no trabalho de documentos iconográficos e nas produções cinematográficas, nacionais e internacionais. Desenvolve oficinas e cursos de formação de professores para a implementação da Lei 10639/03 no ensino de História.22705323016727651625
Publicações: Autora da Coleção didática para o Ensino Fundamental II - História em Projetos, editora Ática, 2007 e para o Ensino Fundamental I (no prelo).
Nível: Ensino Superior
Instituição: USP | | SP