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Criação de documentários pelos próprios alunos


Plano de Aula do Filme Ilha das Flores | Documentário, Experimental | De Jorge Furtado | 1989 | 13 min | RS


Aquecimento global, catástrofes são palavras que vêm assombrando as pessoas e ameaçando nosso futuro, bem próximo, diga-se de passagem. As ações ainda estão muito no nível da discussão, pouco se tem feito para reverter à falta de esperança no amanhã.
Vivemos a era do conhecimento ao mesmo tempo em que da ignorância, da riqueza e da miséria desmedida. Cenários contrastantes, de um lado uma geração sendo consumida pelo consumismo, de outro, moradores como os que habitam a Ilha das Flores.
Essa realidade no qual impera a violência, vai anestesiando-nos e tornando-nos vítimas passivas do cotidiano. É nesse cenário que nossas crianças e adolescentes são imbuídos da certeza de que nada pode ser feito para reverter a situação.
É nesse momento que a Educação precisa ser uma injeção de utopia. Não aquela que sonha, mas que realiza também. Para fazer diferença, é necessário que as aulas sejam oásis nos quais o pensamento é reflexivo, nas quais a realidade é vista, revista e analisada cuidadosamente. Filmes como o Ilha das Flores atuam como um momento em que se congela a realidade e o confronto é inevitável.
Em um confronto entre teoria e prática, a proposta é estabelecer uma relação entre as bases do capitalismo e a situação apresentada pelo filme.
Sem assumir uma postura maniqueísta, mas oferecendo situações para que os alunos possam ler e reler a realidade sob diferentes aspectos e opiniões.
Para nossos alunos o capitalismo pode parecer coisa de político, assunto chato e desinteressante. A maldição de um povo desinformado é ser governado por pessoas que sejam bem informadas, portanto, serem condenados por sua ignorância. A relação das conjunturas sociais precisa ser levada aos jovens, em forma de questionamento, os adolescentes têm muito a dizer, o papel da escola é dar conteúdo a essas vozes.
O Ilha das Flores têm tudo para ser um bom disparador para este assunto, pois traz um fato verídico, pessoas comendo os restos dos porcos. Em nossa sociedade, quem são os porcos, quem anda comendo os restos? Quem são os excluídos em nossa sociedade? E, fundamentalmente, quem são os poucos incluídos e o que os diferencia?
O filme inicia situando o expectador, para que não haja dúvida da veracidade do que virá a seguir. Utilizando-se de termos científicos, a realidade vai sendo desnudada. Cientificidade para aumentar a veracidade dos fatos. Em uma cadência, os termos vão se relacionando.
No site Porta Curtas há boas sugestões para se trabalhar com este filme. Nossa sugestão é a criação de documentários pelos próprios alunos.




Objetivos
Discutir sobre o consumismo e suas conseqüências.

Contribuir para uma visão integrada da realidade social, desvendando as interdependências entre a miséria e a política nacional e internacional.

Situação Didática
O trabalho pode iniciar com um levantamento de todas as coisas que os alunos gostariam de possuir e não têm (quais são os seus objetos de desejo). A idéia é partir da experiência de vida do aluno, de como ele se encontra enquanto consumidor e criar um panorama do que a classe gostaria de possuir.

Pode-se fazer a lista em planilha eletrônica, caso haja acesso a computadores, e os alunos podem pesquisar preços, elencando a relação salário e o consumo de seus sonhos (quantos salários custa cada objeto desejado). É importante socializar as informações e promover o debate, o confronto de opiniões. A tarefa do professor é identificar se os sonhos de consumo apresentados possuem algo além dos bens materiais. Aparece o desejo pela cultura, educação e lazer? Quais são os valores que permeiam o desejo dos alunos? Fazer o aluno refletir sobre o que deseja e por que desejamos.

Cabe inserir a reflexão sobre a massificação, o bombardeio de informações que nos hipnotizam para adquirir produtos.

Os alunos podem pesquisar propagandas que apresentem esses aspectos. O professor pode trazê-las também, mas é essencial que o aluno tenha essa oportunidade, pois eles lidam com DVDs, vídeo-cassetes, internet muito melhor que a maioria dos professores. A cada propaganda apresentada é interessante analisar para qual público ela se destina, que recursos utiliza para vender os produtos, etc.

Nesse ponto, os alunos estarão em um processo de reflexão intenso e trazer o filme Ilha das Flores, irá gerar um novo desequilíbrio. O professor pode dizer que irá trazer um filme que apresenta consumidores finais de um produto. Após a exibição do filme, com certeza, os alunos estarão aflitos para debaterem.

O professor pode lançar algumas questões para serem respondidas:

 De acordo com a Constituição, quais são os direitos dos moradores da Ilha das flores que estão sendo negligenciados?

 Qual é a parcela da população brasileira que vive na miséria?

 O que IDH? (Índice de desenvolvimento Humano)

 Qual a política atual voltada para a solução de problemas em relação à miséria do provo brasileiro?

 Na opinião dos alunos, quais seriam as medidas efetivas que minimizariam essas questões?

 Qual o papel da educação nesse processo?

O desafio dos alunos consistirá em pesquisar as questões apresentadas e apresentar as respostas em forma de documentários.

Para se produzir um documentário:

1. Levantar o tema e a abordagem que será dada.

2. Pesquisar sobre o assunto em diversas fontes.

3. Escolher a técnica, por exemplo, animação, gravação de imagens, entrevista etc.

4. Escrever o roteiro.

5. Revisar o roteiro.

6. Criar um storyboard (Planejamento quadro a quadro do que será filmado e quais recursos serão necessários).

7. Fazer a filmagem ou edição de imagens.

8. Avaliar a filmagem

9. Colocar trilha sonora.

10. Colocar créditos e agradecimentos.

Para fazer os documentários sugiro o uso do moviemaker. O link http://www.apostilando.com/download.php?cod=457 apresenta uma apostila em português on-line, que explica passo a passo como trabalhar com o moviemaker.

Moviemaker

Microsoft Windows Movie Maker é um programa de computador que ajuda a fazer filmes, já que o nome é Windows Criador de filmes (no português). O programa só serve para sistemas operacionais novos (Windows 2000 ou Windows XP). Após salvo, seu filme pode ser visto pelo Windows Media Player, ou pode ser copiado em CD.

O Windows Movie Maker salva vídeos no formato de arquivo WMV e AVI. Permite que os usuários criem efeitos em seus vídeos e também permite que os usuários adicionem musicas a apresentações e efeitos em seus vídeos, permite também adicionar elenco, considerações finais ao seu vídeo

Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsoft_Windows_Movie_Maker

Esta é uma ferramenta que proporciona a junção de som, imagem e texto. Assim, os alunos podem criar os roteiros, fazer entrevistas, colocarem músicas transformando o material em um arquivo multimídia que pode ser divulgado, discutido por outras comunidades escolares desde que se garanta a divulgação do mesmo. Os alunos pensam, discutem, publicam, constroem conhecimento e expressam suas idéias. Para publicarem os documentários, os alunos podem usar o Youtube, Videolog, ou algum outro provedor gratuito.

Youtube

Link com uma reportagem com um passo a passo de como publicar vídeos no Youtube: http://videolog.uol.com.br/

Vídeolog

http://videolog.uol.com.br/

Comentários
Imaginem seus alunos criando uma lista de discussão dos documentários e divulgando para os amigos! Outras pessoas estariam associadas à rede de informação, constituindo um verdadeiro espaço coletivo de construção do conhecimento! Os alunos podem criar a lista de discussão através Yahoo, http://br.yahoo.com/ é só entrar no link grupos, fazerem o cadastro e convidar os amigos a se associarem ao grupo.

Esse processo de criação é muito rico, é preciso estar atento à avaliação das etapas desenvolvidas, bem como o envolvimento dos alunos, a forma como trabalharam em grupo e se conseguiram responder a situação problema com conteúdo significativo fazendo bom uso da técnica escolhida.

Pedagogo Autor do Plano de Aula
José Manuel Moran


Formação: Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes.
Atividades Profissionais: Diretor acadêmico da Faculdade Sumaré - SP; Especialista em avaliação de cursos superiores a distância; Professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Publicações: no último ano : MORAN COSTAS, José Manuel (Org.) ; MORAN, J. M. (Org.) ; MASETTO, M. T. (Org.) ; BEHRENS, M. (Org.) . Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 10ª. ed. Campinas, SP: Papirus Editora, 2006. 173 p.
Nível: Ensino Superior
Instituição: Faculdade Sumaré | São Paulo | SP