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A globalização e as escolhas a serem feitas


Plano de Aula do Filme Meow! | Animação | De Marcos Magalhães | 1981 | 8 min | RJ


A discussão de conceitos e valores sociais constitui questão importante para a educação. É preciso garantir que os alunos compreendam valores presentes na sociedade atual e como esses devem ou podem ser alterados.
Assim, na Sociedade da Informação onde estamos inseridos é
preciso discutir como e quando a TV e outras mídias são usadas como ferramentas de organização social.
Linguagens da TV e do Vídeo
O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele -nos toca e "tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos.
O vídeo explora também e, basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio).
Desenvolve um ver entrecortado -com múltiplos recortes da realidade -através dos planos- e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro. O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, o narrar, o contar histórias. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam habitualmente. Os diálogos expressam a fala coloquial, enquanto o narrador (normalmente em off) "costura" as cenas, as outras falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. A narração falada ancora todo o processo de significação.
A música e os efeitos sonoros servem como evocação, lembrança (de situações passadas), de ilustração -associados a personagens do presente, como nas telenovelas- e de criação de expectativas, antecipando reações e informações. O vídeo é também escrita. Os textos, legendas, citações aparecem cada vez mais na tela, principalmente nas traduções (legendas de filmes) e nas entrevistas com estrangeiros. A escrita na tela hoje é fácil através do gerador de caracteres, que permite colocar na tela textos coloridos, de vários tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a significação atribuída à narrativa falada. O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.
TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianças como adultas. O ritmo torna-se cada vez mais alucinante (por exemplo nos videoclips). A lógica da narrativa não se baseia necessariamente na causalidade, mas na contigüidade, em colocar um pedaço de imagem ou história ao lado da outra. A sua retórica conseguiu encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos.
Os temas são pouco aprofundados, explorando os ângulos emocionais, contraditórios, inesperados. Passam a informação em pequenas doses (compacto), organizadas em forma de mosaico (rápidas sínteses de cada assunto) e com apresentação variada (cada tema dura pouco e é ilustrado).
As mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo).
Há maior possibilidade de interação: televisão bidirecional, jogos interativos,
CD e DVD. A possibilidade de escolha e participação e a liberdade de canal e acesso facilitam a relação do espectador com os meios.
As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão.
O jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender. Toda a sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata. Lê, vendo.
A linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica.
Nesse contexto, Meow traz uma questão importante à tona: o que se faz em nome da globalização, fenômeno que nos assola provocando difusão de identidades culturais. É preciso entender o processo para realizar escolhas conscientes. A proposta a seguir usa o curta como sensibilização
, despertando a curiosidade e a motivação para pesquisa dos temas envolvidos.




Objetivos
 refletir sobre liberdade e determinismo
 discutir relações de poder no cotidiano
 refletir sobre determinantes comportamentais em um grupo social.

Situação Didática
1. Informar aspectos gerais do curta Meow (autor, duração, prêmios...). Exibir o curta.
2. Dividir a turma em grupos. Propor que justifiquem a mudança comportamental do gato, escolhendo um pressuposto teórico da filosofia psicologia sociologia ou história.

Dica: oriente a pesquisa em parceria com outros professores, indicando a referência bibliográfica básica de cada grupo, de acordo com a área de conhecimento escolhida.

3. Realizar seminários para que cada grupo apresente seus argumentos.

Dica: é importante mediar as apresentações dos argumentos de cada grupo, promovendo a discussão das diferentes abordagens.

4. Pedir que os alunos escolham uma propaganda da TV e anotem: enredo, personagens, aspectos lingüísticos e visuais
5. Propor análise da propaganda escolhida pelo aluno, avaliando elementos ideológicos presentes em sua linguagem.

Dica:
Perguntar :
- O que chama mais a atenção (imagem/som/palavra)
- O que dizem as cenas (significados)
- Conseqüências, aplicações (para a nossa vida, para o grupo).

6. Discutir o papel da propaganda e sua influência na vida: individualmente e socialmente em nosso dia a dia e na política mundial.

Comentários
Avaliação:

 Observação das relações entre as informações pesquisadas pelos alunos e o conteúdo do curta
 Argumentação utilizada pelos alunos na análise das propagandas
 Auto-avaliação dos alunos.


Para saber mais:

MORAN, José Manuel. Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo, Ed. Pancast, 1993.

Pedagogo Autor do Plano de Aula
José Manuel Moran


Formação: Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes.
Atividades Profissionais: Diretor acadêmico da Faculdade Sumaré - SP; Especialista em avaliação de cursos superiores a distância; Professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Publicações: no último ano : MORAN COSTAS, José Manuel (Org.) ; MORAN, J. M. (Org.) ; MASETTO, M. T. (Org.) ; BEHRENS, M. (Org.) . Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 10ª. ed. Campinas, SP: Papirus Editora, 2006. 173 p.
Nível: Ensino Superior
Instituição: Faculdade Sumaré | São Paulo | SP