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Uma reflexão a respeito da "difícil vida fácil" dos moradores de rua


Plano de Aula do Filme Felicidade | Ficção | De Alex Nader, Cristina Savian | 2005 | 9 min | RJ


O curta apresenta o dia de um morador em situação de rua, sua luta por comida, seu encontro com uma moça de igual situação e sua felicidade diante de um banquete encontrado fortuitamente numa praia.
O que chama atenção é a trilha musical utilizada no curta: clássicos universais que provocam emoção e podem, quando bem direcionada a sua fruição, levar à reflexão sobre a existência humana.
A partir da apresentação do curta pode-se discutir "a difícil vida fácil" dos moradores em situação de rua e a celebração da vida, apesar da ausência de quase tudo. Apresenta, ainda, a morte como fato da vida.




Objetivos
 Construir instrumentos para uma melhor compreensão da vida cotidiana, ampliando a "visão de mundo" e o "horizonte de expectativas", nas relações interpessoais com os vários grupos sociais
 Discutir a constituição da identidade social a partir da biografia de "homens comuns" e da beleza estética encontrada em peças musicais clássicas e poesias que provocam a reflexão e a tomada de consciência da realidade do mundo e da necessidade de descentramento juvenil no que tange à realidade sobre as diferenças sociais
 Excursionar com os alunos no mundo da música clássica explorando suas possibilidades de reflexão existencial e os sentimentos derivados desse "ambiente musical".

Situação Didática
Fases do Trabalho:

1. Apresentação do curta "Felicidade"

2. Ler e refletir sobre as realidades apresentadas nas poesias: "O Bicho", de Manuel Bandeira e "Tem gente que existe e parece imaginação", de Ulisses Tavares (veja anexo 4)

3. Discutir as similaridades das vidas do personagem principal do curta e do compositor Johann Strauss Junior (autor das músicas de fundo do curta: op. 114, 234, 279, 307 e 418) - ver anexos 1 e 3
o Propor a audição das peças musicais completas (ou de uma delas) e, em seguida, a criação de um roteiro para animação que tenha como pano de fundo a(s) mesma(s)

4. Hipotetizar sobre o motivo pelo qual a obra de Frédéric Chopin foi escolhida para fazer parte da trilha sonora do curta: seria por conta das características de sua música, tais como: a melancolia, a tristeza e a morbidez? - Ver anexos 2 e 3
o Estudar sua biografia e possibilitar a audição das obras de Frédéric Chopin - op. 70, desafiando a memória auditiva dos alunos, pedindo que identifiquem qual dos trechos da peça é utilizado no curta:
 Waltzes: No. 11 in G flat, Op. 70 / 1 (02:11')
 Waltzes: No. 12 in F minor, Op. 70 / 2 (02:52')
 Waltzes: No. 13 in D flat, Op. 70 / 3 (02:44')

5. Organizar um Clube do Disco:
o Conhecer e apresentar o tipo de música que os participantes apreciam
o Sinalizar a importância de ampliar seu repertório musical
o Dirigir a escuta dos participantes no que tange ao belo artístico
o Sugerir a escuta das músicas utilizadas no curta.


Orientações Didáticas:

As atividades de escuta precisam ser organizadas e supervisionadas, para que sejam proveitosas e para que não se perca ou danifique o material coletado. Se a escola tiver uma biblioteca interativa, esse é o espaço adequado para a guarda desse material:
 Pedir que os participantes concentrem-se apenas em ouvir a música
 Falar acerca da época em que a música foi produzida e sobre seu compositor
 Discutir que sentimentos a música lhes provoca e qual a ligação dela com a história contada no curta
 Incentivar a audição do mesmo trecho e da obra toda, por várias vezes. Num primeiro momento, dirigindo a atenção dos participantes para os instrumentos tocados e, num segundo momento, para as emoções provocadas pela audição.


Comentários
Bibliografia utilizada e sugerida:

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos em psicopedagogia musical. São Paulo: Summus, 1988.
JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo: Scipione, 1984.
NESTROVSKI, Artur. O livro da música. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000.


Anexo 1
Biografia de Johann Strauss Junior


Violinista e membro mais eminente da família Strauss, dirigiu sua própria orquestra, 1844-1849, rivalizando com a do pai após 1849, as duas orquestras Strauss se fundiram numa única.

Foi diretor musical dos bailes imperiais-reais de Viena, 1863-1871, e o mais famoso embaixador da Áustria (o "rei da valsa"), foi aclamado por multidões de admiradores, especialmente nas turnês européias, 1856-1886, e nos EUA (1872).

Na forma, suas valsas parecem-se com as do pai - introdução lenta, cinco valsas e corda -, mas as seções são mais longas e orgânicas as melodias, geralmente de grande inspiração, são amplas e impetuosas, os detalhes harmônicos e orquestrais são mais ricos e mais sutis, em certos momentos até wagnerianos.

Entre suas mais célebres obras-primas, datando dos anos de 1860 e início dos anos 1870, encontram-se duas das quais foram utilizadas no curta: Accellerationen op. 234 e Wiener Bonbons (Bombons vienenses) op. 307 bem como:

 O Danúbio Azul (Na die schönen, blauen Donau) op. 314,
 Wein, Weib und Gesang (Vinho, mulheres e canções) op. 333 e
 Wiener Blut (Sangue vienense) op. 354.


De suas 17 operetas, a brilhante O morcego (Die Fledermaus, 1874) e a pitoresca O barão cigano (Die Zigeunerbaron, 1885) ocupam merecidamente um lugar central no seu repertório.

As outras três obras do compositor utilizadas no curta são:  Liebeslieder-Walzer Op. 114 (7:19')
 Morgenblätter, 'morning Papers' Op. 279 (8:25')
 Schatz-Walzer Op. 418 (7:10')

Fontes:
http://www.geocities.com/Athens/Acropolis/2086/musicos/strauss.html
http://www.luteranos.com.br/101/coral/biografias/strauss_II.html


Anexo 2
Biografia de Frédéric Chopin

Frédéric Chopin (Zelazowa-Wola, 1810 - Paris, 1849)

Pianista e compositor polaco. Filho de pai polaco e de mãe francesa, desde jovem chama a atenção pelo seu temperamento melancólico e sonhador, assim como pela sua viva inteligência. Aos vinte anos dá concertos de piano em Viena, Praga, Dresden e, finalmente, em Paris, onde se instala. Insatisfeito com o êxito parcial que obtém no seu primeiro concerto parisiense importante, reserva-se nos tempos seguintes para a intimidade e dedica-se à composição e ao ensino. Bem acolhido pela classe alta polaca imigrada em Paris, tem numerosos alunos que expandem a sua fama. Em poucos anos escreve, além dos seus grandes concertos, sonatas e séries de estudos, diversas mazurcas, noturnos, baladas, polonesas, prelúdios, sherzos, valsas e uma infinidade de peças de gêneros semelhantes.

A música de Chopin é de caráter essencialmente pessoal, com um acento romântico cheio de melancolia, em ocasiões de uma pungente tristeza. Afasta-se decididamente da normativa clássica, tanto nos ritmos como nas harmonias. Se bem que seja de lhe reprovar certo sentimento doentio, também é verdade que a sua música está cheia de encanto, de sabor e de uma poesia delicada e penetrante. Provavelmente, a sua tuberculose não é alheia a esta morbidez.

Entre as suas composições mais originais há que se citar a grande Valsa em mi menor, as valsas em lá menor e em ré bemol maior a admirável Polonesa n.º 8, a Fantasia de Improviso, o delicioso Scherzo em si bemol, o Concerto em mi menor, os Noturnos, os Prelúdios, a Marcha Fúnebre. Quanto ao seu gênio como pianista, segundo testemunhos da época, é de uma graça elegíaca, de uma elegância fora do comum e de uma poesia e um vigor pessoal sem igual.

Fonte:
http://www.vidaslusofonas.pt/frederic_chopin.htm


Anexo 3
Musicoteca:

Chopin: Waltzes / Impromptus
Artista: Georges Cziffra
Ano: 2001
Gravadora: EMI

New Year's Concert 2000
Artista: Riccardo Muti / Wiener Philharmoniker
Ano: 2000
Gravadora: EMI

New Year's Day Concert 2001
Artista: Nikolaus Harnoncourt
Ano: 2001
Gravadora: Warner Music


Anexo 4 - Poesias
Poesia 1: O Bicho - Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Fonte:
MACHADO, Ana Maria. O tesouro das Virtudes para as crianças. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 23.

***

Poesia 2: Tem gente que existe e parece imaginação - Ulisses Tavares

"Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação."

Fonte:
http://www.pensador.info/frase/MzAwMjU1/

Pedagogo Autor do Plano de Aula
Marilene Lima


Formação: Mestre em Educação: História, Política, Sociedade, pela PUC/SP (1999-2001) tendo desenvolvido pesquisa sobre a História dos Métodos de Alfabetização em São Paulo.Psicóloga, formada pela UMESP (1991-1997).
Atividades Profissionais: Coordenadora do Programa Edukaleidos: Educação para o bem-estar [http://www.edukaleidos.pro.br]. Docente na Pós-Graduação da UNISA nos cursos de Psicopedagogia Clínica e Institucional (Lato Sensu)e MBA Executivo em Gestão de Pessoas (Unisa Business School).
Publicações: Últimas publicações: Entrevista concedida à jornalista Thais Gurgel, do Caderno Especial: Educação Infantil, da Revista Nova Escola, "Conhecimento de Mundo na Educação Infantil", publicação prevista para março/2007; Artigo no site Pró-Fala (http://www.profala.com/artpsico41.htm - Portugal) Educação, Psicanálise e Cultura
Nível: Ensino Superior
Instituição: UNISA | São Paulo | SP