2. Antes e depois da seção de cinema
"Eu quero mostrar ao povo o jeito que eu sou.
Porque cada um nasceu como Deus quis.
Uns grandes, uns pequenos, outros assim."
José P dos Santos (Pingüim) in: "Criaturas que nasciam em segredo")
Professor/a, antes de iniciar a seção de cinema, antecipe o tema tratado pelo
documentário e ofereça algumas informações sobre o
que é, como se adquire e quais as dificuldades a serem enfrentadas por um/a
portador/a de nanismo. Esses cuidados limitarão de antemão as manifestações
de preconceitos, nascidas do desconhecimento sobre a aconplasia.
No documentário Criaturas que nasciam em segredo as narrativas textual e
imagética são organizadas pelo diretor de modo a construir um discurso
coerente sobre 'ser anão'. Por meio das vozes-off de Paulo José e Tata Guarnieri, da iconografia apresentada pelas pinturas e fotografias e dos
depoimentos dos anões protagonistas sobre suas dificuldades de
acessibilidade, os preconceitos do passado e presente em relações a eles, sua
sexualidade, por vezes, associadas a fetiches, suas dores e estratégias de
resistência para vencer os preconceitos e dificuldades impostas.
Curiosamente o título escolhido pelo diretor, paulatinamente é ressignificado
pela visibilidade dada aos anões e ao resgate de sua humanidade em toda a sua plenitude.
Durante a seção, chame a atenção para a iconografia que retrata as cortes
européias da Renascença e do Antigo Regime, selecionada pelo diretor para
ilustrar as cenas do documentário enquanto a voz-off de Paulo José narra a
relação entre a nobreza e os anões bufões naqueles períodos.
Estimule os alunos a atentar também para o primeiro depoimento de João
Araújo, o Castelinho, que trabalhou como copeiro em uma prefeitura. Para o
prefeito, a condição de quase 'invisibilidade' do anão João poderia servir como
instrumento útil ao político. Segundo João, ele servia ao prefeito como seus
'olhos e ouvidos'. Em certo sentido o depoimento de João reafirma o papel
político dos bufões nas cortes européias.
Chame a atenção para as fotografias em preto e branco, algumas do século
XIX, retratando cenas do teatro de variedades intercaladas aos depoimentos
dos anões sobre as dificuldades que ainda enfrentam na atualidade diante da
curiosidade mórbida daqueles desejam espetacularizar seu déficit de altura:
"Um amigo da minha mãe vinha em casa e ficava de
campana, pra conseguir tirar uma fotografia minha.
Um dia, ele disse pra minha mãe: 'A senhora pode ganhar
muito dinheiro com a sua filha', e minha mãe falou que eu não era mercadoria." (Depoimento de Joceli Lopes, "Jô").
Estimule também o olhar dos alunos para os esforços, por vezes, bem sucedidos, de todos os protagonistas anões do documentário em levar uma vida regular, evitando que o déficit de altura e os problemas advindos dele, assim
como os preconceitos sociais, impeçam-nos de amar, trabalhar, constituir família, desenvolver seus talentos e potencialidades.
Destaque a superação até mesmo daqueles que usam a baixa estatura como meio de vida, invertendo uma relação histórica de exploração da figura do anão, tornando-se sujeitos da ação, como no depoimento de José P dos Santos, o palhaço Pingüim:
"A maior alegria da minha vida é o circo.
Quando a gente tá na cortina e o circo cheio gritando meu nome,
eu sinto no coração aquela coisa extraordinária,
doido pra entrar e ver aquele público levantar e me aplaudir,
porque eu sou o único baixinho que os caras levantam pra ver.
(Depoimento de José P dos Santos, o palhaço de circo Pingüim)
Depois da seção debata as impressões dos estudantes sobre as dificuldades e
os preconceitos que os anões são obrigados a enfrentar e a superar na
sociedade em que vivem.
Destaque que nós também fazemos parte e somos co-responsáveis para a manutenção ou combate dos preconceitos, que cidadãos comprometidos com a
justiça social e os direitos civis devem apoiar solidariamente as ações e as lutas de anões e cadeirantes que, como argumentamos anteriormente, enfrentam problemas bastante semelhantes aos dos anões devido à falta de
acessibilidade nos transportes e locais públicos das cidades brasileiras.
Proponha questões à turma, por exemplo:
"Como vocês tratam as pessoas pequenas (os anões)?
Como elas devem ser tratadas?
Será que o preconceito em relação aos anões, que podemos constatar na atualidade, sempre existiu em todas as culturas?
Que tipo de ações nós que não somos portadores de nanismo podemos
cobrar junto ao poder público para garantir os direitos aos aconplásicos?
Será que os anões brasileiros são organizados em associações para defesa de seus direitos?
Todas estas questões serão discutidas nos próximos itens. Se achar pertinente
proponha uma pesquisa para ampliar o conhecimento dos alunos sobre como os
aconlásicos foram vistos e tratados ao longo da história e estimule a pesquisa na internet sobre o assunto.
3. Conhecendo um pouco sobre a acronlasia ao longo da história
"Houve tempos em que os anões eram reverenciados como deuses, depois foram confidentes e conselheiros na corte. Posteriormente, foram ridicularizados como
bobos da corte e desde então somos marginalizados. Mas a sociedade precisa
entender o que é o nanismo, nossas dificuldades e reais diferenças."
Hélio da Silva Pottes, publicitário, portador de nanismo, em entrevista para a AME (Amigos
Metroviários dos Excepcionais).
A Aconplasia é uma das doenças de nascença mais antigas já registradas
pela humanidade.
Escavações arqueológicas no Reino Unido encontraram um esqueleto
aconplásico de cerca de 7.000 anos.
Pesquisas no norte do continente africano mostram que essa doença já se
manifestava nesse território desde o período pré-dinástico do Egito.
Estudando fósseis de anões de cerca de 4500 a.C. e também do Antigo
Império, entre 2700 e 2190 a.C. pesquisadores surpreenderam-se com a
quantidade de descobertas arqueológicas sobre indivíduos aconlásicos e
sobre o tratamento que a sociedade egípcia dava a eles.
Foi entre a IV e a V dinastia do Antigo Império egípcio que viveu o nobre
Seneb, sua esposa e um casal de filhos. Seneb era encarregado do guarda-
roupa real e desempenhava a função sacerdotal nos cultos funerários. Sua
mulher, Senêtitas, era sacerdotisa dos deuses Hathor e Neith.
Observe, atentamente, a fotografia da escultura encontrada no túmulo de
Seneb:
http://www.richard-seaman.com/Travel/Egypt/DwarfSenebAndFamily.jpg
Você reparou como o escultor representou Seneb e sua família?
Ele o retratou com pele mais escura (usando tinta vermelha), assim como ao seu
filho, enquanto a esposa e a menina com aspecto mais pálido. Esse recurso era o
modo de os artistas egípcios mostrarem que o sexo feminino, naquela
sociedade, vivia mais tempo em ambientes fechados, portanto tinha a pele mais
clara, enquanto os homens, que circulavam mais pelos espaços públicos, tinham
a pele escurecida pelo sol.
As crianças também são representadas de acordo com a convenção da arte
egípcia: nuas (para indicar que estavam na primeira infância) e com o dedo na
boca.
Sua mulher foi retratada com uma expressão serena e seu braço direito
abraça o marido, o gesto da esposa é uma demonstração de afeto em relação ao
esposo.
Enfim, toda a composição criada pelo escultor reforça a idéia de unidade e
harmonia familiar: a esposa tem um olhar tranqüilo e abraça o esposo de modo
carinhoso Seneb é representado com as pernas cruzadas, uma posição comum
aos escribas que apoiavam o suporte de sua escrita sobre as pernas cruzadas
quando trabalhavam nos inúmeros registros que realizavam. O ofício da escrita
era restrito a poucos e, por isso, os escribas eram profissionais muito
respeitados no Antigo Egito. Assim, ser representado como escriba indicava
que a pessoa era culta.
Seneb como você deve ter percebido era anão. Mas isso não era algo que o
escultor considerou importante destacar. Ao contrário, nessa escultura a
cabeça de Seneb foi posta no mesmo nível do de sua esposa e seus filhos
representados posicionados logo abaixo dele (no lugar de suas pernas) desviam
a atenção do/a observador/a do nanismo daquele nobre.
Seneb não foi o único indivíduo portador de nanismo a ser representado de
modo respeitoso (na medida em que sua escultura é semelhante à de outros
indivíduos nobres e/ou socialmente valorizados no Egito Antigo). Os
pesquisadores da Universidade de Georgetown encontraram nas paredes de
cerca de 50 tumbas várias imagens de anões, assim como em pinturas de vasos,
em estátuas e em outras manifestações artísticas e, nenhuma delas, estava
fora das convenções que os artistas utilizavam para representar indivíduos sem
nanismo.
Os egípcios conviviam tranquilamente com os anões e a eles devotavam grande
respeito. A sociedade egípcia chegava mesmo a cultuar deuses anões: Bes e
Ptah. O primeiro era o protetor da sexualidade, do parto, das mulheres e
crianças. Seu templo foi escavado recentemente no oásis de Baharia, na região
central do Egito. Ptah era associado à regeneração e ao rejuvenescimento.
Ou
seja, ambos os deuses anões na sociedade do Antigo Egito eram associados a
aspectos muito positivos: proteção e regeneração. Assim, para os egípcios, uma
pessoa possuir baixa estatura e membros mais curtos que a média não era uma
barreira intransponível para exercitar uma série de cargos valorizados por
aquela sociedade e ser respeitada socialmente.12
Ainda durante a Idade Média e Moderna em algumas cortes, alguns anões eram
respeitados e chegaram a ser 'os olhos e ouvidos' do rei. Mas no decorrer da
Moderna, quando o nanismo se tornou uma doença mais conhecida, a relação de
respeito com os anões mudou. Vários deles, tratados como uma excentricidade,
foram explorados comercialmente para divertirem os espectadores das feiras
e teatros, para serem acompanhantes 'brinquedos' de crianças nobres ou
atuarem como bobos da corte nos reinos da Europa.
Repare a diferença na representação dos anões nesta outra imagem:
http://www.mystudios.com/art/bar/velazquez/velazquez-las-meninas.jpg
La Familia de Felipe IV ou "Las Meninas". Óleo sobre lienzo: 3,18 x 2,76 mts.
Pintura Espanhola (Século XVII)
Velázquez realizou esta pintura em 1656 e ela se manteve nas dependências do Alcázar de
Madri até o incêndio de 1734. Voltou ao Palácio Novo edificado sobre o solar incendiado. No
começo do século XIX, a referida obra foi para o acervo do Real Museu de Pintura e Escultura
(atual Museo do Prado) juntamente com outras obras procedentes da coleção real. Os
inventários reais deram a esta pintura diferentes denominações: "La Señora Emperatriz con sus damas y una enana" (1666) e "La familia del Señor Rey Phelipe Quarto" (1734). Já no Museo
do Prado, no catálogo redigido por Pedro de Madrazo, em 1834, a obra foi chamada pela
primeira vez "Las Meninas" - expressão de origem portuguesa com a qual se designava as
acompanhantes de crianças reais no século XVII. Dados extraídos de:
e
. Acesso 23 mai 2008.
Esta pintura de Velásquez pertence à sua fase denominada "La Familia", na qual
o artista espanhol dedicou-se a representar cenas cotidianas. A cena dessa
obra transcorre dentro de uma grande sala do palácio de Alcázar de Madri,
decorada com uma série de quadros.
No centro da tela, o pintor destaca a pequena Margarita, da Áustria, cercada
por sua corte de damas e criados. As damas (las "meninas") Isabel Velasco e
Agustina Sarmiento reverenciam a pequena infanta à direita da tela vemos
representados os irmãos anões María Bárbola e Nicolás Pertusato, este
brincando com o mastim que dorme a seus pés. Atrás deles, na penumbra,
aparecem Marcela de Ulloa e um cavaleiro não identificado. À esquerda da cena
central, Velázquez se auto-retrata com seus instrumentos de trabalho em
frente a uma grande tela que ocupa todo o ângulo do quadro.
No fundo do grande salão retratado na tela, junto a uma porta aberta,
encontra-se dom José Nieto de Velázquez, alto funcionário da rainha,
responsável pela boa ordem dos aposentos do palácio. E, finalmente, próximo ao
centro da tela, no ponto de fuga, o/a observador/a pode ver um espelho, no
qual aparecem refletidas as figuras dos reis Felipe IV e Maria da Áustria.
Diferente da escultura egípcia do Antigo Império que retratou Seneb e sua
família sem dar destaque ao nanismo, os anões das cortes européias do Antigo
Regime, figuras tão populares como os palhaços, são facilmente identificáveis
nesta pintura. Especialmente María Bárbola, que muito embora fosse a anã mais
popular da corte de Felipe IV e uma figura cuja presença servia para divertir
as crianças nobres, foi retratada por Velázquez vestida com cores escuras e
sem adereços. O pintor exagerou seus traços, tornando-os grosseiros,
destacando a cabeça aumentada e retratando María Bárbola como se fosse uma
jovem apática, sem expressão.
A figura da anã contrasta-se propositadamente com a representação delicada
e bela com que o pintor retratou a pequena infanta Margarita. A tela, assim,
simboliza a grande mudança de como passaram a ser vistos e retratados os
anões na sociedade moderna: seres esdrúxulos e bizarros, que embora
tivessem a altura de uma criança, não tinham sua graça e beleza.
No século XIX, os anões, juntamente com outras pessoas muito altas, (em
relação aos padrões costumeiros da estatura média populacional do período) ou
ainda com mulheres, homens e meninos-lobos14 e outras pessoas com doenças
incomuns que provocavam deformidades, eram expostos geralmente enjaulados
como animais em circos e serviram como entretenimento nos espetáculos de
variedades. Os olhos curiosos e ávidos dos espectadores consumiam anões e
todas as pessoas diferentes do padrão como seres bizarros, esdrúxulos,
grotescos, esquisitos, exóticos e, não raro, divertiam-se com seus sofrimentos.
4. É preciso 'pensar grande' para combater os preconceitos e
exclusões
"O meu casamento foi de pobre mais muito importante. Cheguei no carro do
presidente da Assembléia com batedor e tudo, a turma queria ver os noivos e subiam
nos bancos, e o padre:
"Pessoal! Desçam do banco, isso é um casamento normal igual a qualquer outro."
(João de Araújo, casado com Isis Nunes de Araújo em depoimento no documentário Criaturas
que nasciam em segredo).
Quando nos tornamos adultos não desejamos mais ser tratados como crianças,
apreciamos ser respeitados como pessoas maduras, responsáveis.
Entretanto,
os anões têm de enfrentar adultos medianos ridicularizarem sua pequena
estatura, tratarem-nos de modo infantilizado ou ainda enxergá-los como
objeto de curiosidade.
Na idade adulta a estatura dos anões varia de 70 cm a 1,30 m.
Além dos
diferentes problemas de saúde que os portadores de nanismo têm de
enfrentar devido à aconlasia e a falta de acessibilidade, por serem
pequenos, em relação à média da população adulta e não terem as medidas
proporcionais, distanciando-se dos padrões convencionais de beleza, estatura,
peso etc., são ainda mais estigmatizados.
Por isso, para essas pessoas é preciso 'pensar grande' para poder enfrentar
tantos desafios.
'Pensar grande' é o lema da Associação de Gente Pequena dos Estados Unidos.
Esta associação agrega os portadores de nanismo ou 'little people' (gente
pequena), que é como os aconlásicos estadunidenses preferem ser
denominados.
Em 1981, no Brasil, à semelhança da Gente Pequena estadunidense, um grupo de
pais de filhos com nanismo criou a Associação Brasileira Pró-nanismo - Gente
Pequena. Infelizmente a entidade ficou inativa por mais de mais de 20 anos e
só foi reorganizada em 2004, com o nome de Associação Gente Pequena do
Brasil. A principal atividade desta associação é divulgar informações e orientar
pais e interessados sobre as questões que envolvem o nanismo.
4.1. Ver e ser vistos sem preconceitos
"No que eu estou saindo a molecada começou a me (...), apedrejar.
Então, eu fui obrigado a abandonar a escola por motivos de agressões."
(Depoimento de José A Ventura, o Tatuzinho, no documentário Criaturas que nasciam em
segredo)
"Eu fui à escola com nove anos de idade, a minha mãe demorou a me matricular na
escola, exatamente para não me expor, porque eu era uma criança diferente."
(Depoimento de Joceli Lopes (Jô) no documentário Criaturas que nasciam em segredo)
Ao longo da História a condição de baixa estatura dos anões foi
espetacularizada nas feiras medievais, passando pelos circos, shows de
variedades, em programas humorísticos de TV e mais recentemente no cinema
pornográfico.
Cada vez mais a AGPB recebe reclamações sobre o desrespeito em relação aos
anões expressos na mídia e reúne esforços para coibir a veiculação de
preconceitos e para lutar por direitos para os portadores de nanismo.
Mesmo assim, as memórias de infância de Jô e Tatuzinho, destacadas acima,
foram experimentadas por muitos outros anões, em um passado recente.
Eles
tiveram negado o direito de ir à escola tão somente pelo fato de ter menos que
1,30 m. Tatuzinho foi apedrejado pelo estranhamento dos outros em relação ao
seu déficit de altura!
Hoje a agressão física pode ser denunciada à polícia e o Estado tem
mecanismos mais eficientes para coibi-la, entretanto, isso não impede que os
anões continuem sendo alvo de agressões morais que entristece e deprime
qualquer pessoa.
O médico João Tomazelli informa que o número de suicídios entre os anões é
elevado. "Não raro temos notícia de um anão que se suicida, não só no Brasil,
mas no mundo inteiro. Eles ficam escondidos e se tornam 'invisíveis',
dificultando a inclusão social"15.
Depois de ouvir os depoimentos dos portadores de nanismo no documentário
Criaturas que nasciam em segredo, não é difícil entender por que alguns anões
preferem evitar o convívio com os não anões.
As atitudes preconceituosas em relação aos portadores de nanismo ampliam o
isolamento deles. Mas o descaso em relação aos problemas enfrentados pelos
aconlásicos também é uma forma de torná-los invisíveis socialmente.
A invisibilidade social dos portadores de nanismo no Brasil é tão imensa que
sequer existem estatísticas sobre a quantidade de aconlásicos no país.
Mesmo em grandes centros não existem programas e campanhas voltados para
preparar servidores públicos para atender os portadores de nanismo. Há
profissionais como assistentes sociais que sequer sabem o que significa o
termo Aconlasia16 e médicos que nunca atenderam um anão e não conhecem
as especificidades da doença para realizar atendimento e tratamento adequado
aos portadores de nanismo.
4.2. Ser solidário/a aos portadores de nanismo, apoiando sua luta por
acessibilidade e pela melhora de qualidade de vida
"A sociedade deve entender que o nanismo só difere na estatura das pessoas
consideradas normais, pois sua capacidade é igual a de todos. Informando-se mais a
sociedade, melhora-se a situação social da pessoa que possui nanismo"
Hélio Pottes, publicitário e presidente da AGPB (Associação de Gente Pequena do Brasil).
O curta 'Criaturas que nasciam em segredo" traz uma série de imagens e
depoimentos sobre a falta de acessibilidade nos espaços públicos para os
anões. No documentário podemos acompanhar cenas de Tatuzinho atravessando
com dificuldades uma grande avenida da cidade de São Paulo, subindo com
esforço uma enorme escadaria e nos relatando sobre a impossibilidade de
colocar as fichas no orelhão para fazer uma ligação telefônica o que o obrigava
a depender da boa vontade de desconhecidos para realizar essa simples ação.
Tatutuzinho relata-nos também sobre as dificuldades de se manter equilibrado
em um ônibus cheio em movimento, pois não alcança as barras para se apoiar.
Embora o filme tenha sido lançado em 1995 e algumas conquistas tenham sido
alcançadas como a do posicionamento de orelhões em altura adaptada aos
cadeirantes e anões, ainda existem muitos desafios a ser enfrentados.
Ambientes, produtos, mobiliário e serviços de uso público e ou doméstico são
projetados para pessoas de estatura mediana tornando, por exemplo: caixas
eletrônicos, balcões de atendimento, prateleiras de supermercados, mesas,
cadeiras, bancos, camas, estantes, armários, degraus, ônibus, automóveis e uma
infinidade de objetos e lugares inacessíveis ou inadequados para as pessoas de
baixa estatura.
O que o poder público pode fazer em relação a isso, para que o mundo atual
comporte as pessoas pequenas?
Segundo Tomazelli há formas de melhorarmos a qualidade de vida e facilitar a
inclusão social dos portadores de nanismo. A natação, musculação e
hidroginástica - esportes de baixo impacto - que não desgastam tanto as
articulações, auxiliam o controle da obesidade e estimulam o convívio são
bastante indicadas.
O geneticista Sérgio Pena afirma que com aconselhamento profissional
apropriado, as pessoas de baixa estatura podem levar uma vida semelhante às
pessoas sem nanismo. Ele ressalta ainda que os anões são representantes
produtivos da sociedade.
E o que nós, pessoas sem nanismo, podemos fazer?
Informar-se, conhecer mais sobre o nanismo, suas causas e principalmente
combater os preconceitos, solidarizando-se com os aconlásicos e suas
lutas é um modo de contribuirmos para melhorar a condição social dos anões.
Que tal para concluir este percurso visitar o site da Associação Gente Pequena
do Brasil e outros sites relacionados no Item 5?
Você aprenderá muito sobre e com as pessoas pequenas. Pense grande!