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O humano e o tempo

Filme Utilizado Barbosa | Documentário, Ficção | De Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado | 1988 | 12 min | RS



Data da Experiência:27/11/2009

Disciplina(s): Filosofia , Física

Nível de ensino da turma*: Ensino Médio

Faixa etária da turma*: de 14 a 18 anos

Nº de alunos que assitiram esta sessão:32

Autor do relato:Maurício Fernando Bozatski

Instituição:REGENTE FEIJO, C E - E FUND MEDIO E PROF
| PR | PONTA GROSSA
| Estadual
Objetivos do uso do filme
A apresentação do filme serviu para ilustrar e encerrar um ciclo de estudos que se deu em torno da temática do tempo no âmbito do pensamento filosófico. Ele foi utilizado para que os educandos pudessem fazer uma sistematização entre as ideias sobre o tempo que haviam estudado com base nos filósofos: Aristóteles; Santo Agostinho; David Hume; Immanuel Kant; Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Um dos objetivos desta temática sobre o tempo foi também o de demonstrar a relação entre o pensamento filosófico e o desenvolvimento da física no que concerne ao tempo ser um dos objetos principais de estudo desta ciência. Na temática deste bimestre, que foi justamente a relação entre o humano e o tempo, o filme foi utilizado como um instrumento para a efetivação da teoria numa situação prática.

Sequência de atividades envolvendo o filme
A atividade envolvendo o filme aconteceu numa sequência de 8 aulas. No primeiro momento, de maneira expositiva, os educandos tiveram uma aula em que o professor apresentou as ideias filosóficas de alguns pensadores acerca do tempo. Tal assunto é de importância central na história do desenvolvimento filosófico, pois o tempo, desde Heráclito, Parmênides e Zenão é um dos paradigmas do pensamento filosófico. Em Aristóteles o tempo é um elemento central que se prestará a explicar como a realidade física e metafísica estão em movimento no mundo.Em sto. Agostinho, o tempo é fundamental para se entender a marcha da história e como os homens podem encontrar a salvação nesta vida que é originariamente um desvio do propósito divino para os homens. Ainda na aula expositiva pode-se apresentar como a filosofia esteve um passo adiante do desenvolvimento científico, pois já em David Hume é possível perceber os germes do desenvolvimento da teoria da relatividade que seria desenvolvida apenas dois séculos depois. O tempo passa ser um elemento central no desenvolvimento filosófico na contemporaneidade, sendo o elemento central da filosofia de Martin Heidegger, que em sua obra principal "Ser e Tempo" demonstra como a temporalidade é um dos aspectos fundamentais da existência e constituição da experiência humana. No existencialismo de Sartre a discussão é levada ao nível das escolhas e do tempo em que o homem vive como elemento central daquilo que ele realmente seja. Depois da aula expositiva, os educandos puderam escolher um dos filósofos para realizar o aprofundamento teórico com base na leitura do texto. Nos encontros seguintes os textos foram debatidos e discutidos em sala de aula, em que cada educando apresentou o seu respectivo tema para o grupo. Depois o filme foi assistido individualmente e cada educando fez seu relato pessoal. Por fim, o filme foi visto pelo grande grupo onde se pode trocar experiências e chegar a um lugar comum sobre o tema.

Comente os resultados da experiência
O primeiro ponto positivo a se destacar desta experiência é que quando os educandos apresentaram os relatos individuais em que relacionavam o texto científico que haviam lido com o filme que assistiram na internet, muitos conseguiram fazer uma relação entre a teoria a situação prática que vivenciaram. Exemplificando, houve um aluno que havia lido o texto sobre o tempo em Newton e descreveu que, sob o ponto de vista newtoniano, não seria possível para o personagem de Antonio Fagundes voltar no tempo e encontrar consigo mesmo no passado, pois o mesmo corpo não pode ocupar dois lugares no espaço ao mesmo tempo. Outro relato interessante foi o de que o tempo é apenas movimento, e portanto não pode ser modificado, então aquela viagem no tempo deveria ter existido sempre, pois o filme dá a entender que foi o viajante no tempo que tirou a concentração do goleiro Barbosa, então ele deveria ter estado lá, atrás do gol, já no primeiro momento em que isto aconteceu. Em relação ao existencialismo, porém, foi quando aconteceram as discussões mais interessantes. Há uma premissa da filosofia de Sartre que diz que não importa o que o tempo faz com você, mas sim o que você faz com aquilo que o tempo faz de você. Assim, muitos educandos puderam concluir que aquele acontecimento do segundo gol do Uruguai deveria ter sido superado tanto pelo goleiro quanto pelo viajante no tempo, pois o homem deve assumir que é o centro do seu projeto existencial e que as circunstâncias podem até o abalar, mas é ele o responsável pelas escolhas que tomará a partir delas, sendo livre para optar viver em função de algum acontecimento, ou escolher superá-lo e viver a partir de tal acontecimento. Isto foi muito positivo, pois os jovens passam por situações que serão decisivas também para o seu futuro, e é importante que reflitam sobre como o tempo pode atuar positiva ou negativamente em suas vidas, e que eles podem ser agentes ativos nesta relação e não meros espectadores da vida e do tempo.