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Cartas na manga

Filme Utilizado Cartas da Mãe | Documentário | De Fernando Kinas, Marina Willer | 2003 | 28 min | PR



Data da Experiência:28/08/2008

Nível de ensino da turma*: Ensino Médio

Faixa etária da turma*: de 14 a 18 anos

Nº de alunos que assitiram esta sessão:38

Autor do relato:Michele Aguiar de Paiva

Instituição:COL LARANJEIRAS
| RJ | RIO DE JANEIRO
| Particular
Objetivos do uso do filme
Abordar o gênero epistolar (cartas literárias), identificando seus elementos;
Exemplificar o gênero textual da carta através de músicas e filmes que a utilizam;
Discutir a carta como meio de comunicação e propor um exercício prático de escrita e postagem de uma correspondência.

Sequência de atividades envolvendo o filme
Iniciei a aula perguntando sobre o recebimento e feitura de cartas na atualidade e fui recebida com muito desinteresse pelos "superiores" adolescentes que só usam e-mails para se comunicarem. Depois contextualizei historicamente e apresentei o cartunista Henfil aos alunos, sua biografia e seu trabalho em si. A maioria, como nunca ouviu falar no artista, se interessou quando soube que ele era irmão do Betinho, da doença que causou sua morte e em suas tirinhas publicadas nos jornais. Exibi o filme e discutimos o contexto histórico que o Brasil se encontrava na época. Como dever de casa, eles deveriam trazer a transcrição e análise de uma das cartas apresentadas no filme. Para isto, como todos na turma têm acesso a internet, indiquei o acesso ao PortaCurtas para rever o filme e escolher a carta que mais gostasse. Na aula seguinte eles trouxeram as cartas (alguns comentaram que fizeram "download" do roteiro do filme no próprio PortaCurtas e, assim, ficou mais fácil de escolher). Levei uma outra carta transcrita: do Chico Buarque na música Meu Caro Amigo, de 1976 - Composição: Chico Buarque e Francis Hime. Essa musica, indicada no parecer pedagógico do Curta na Escola, representa a mesma época da ditadura no Brasil e é uma excelente forma de mostrar a censura e o exílio que os artistas brasileiros (cantores, cartunistas, etc) passaram e sofreram. Eles gostaram tanto da carta que quiseram ouvir a música, que acabei levando na aula seguinte. Ao perceber como a turma estava interessada e envolvida, decidi prolongar a atividade propondo que cada um escrevesse uma carta. Preparamos o envelope com remetente, destinatário, endereço(muitos não sabiam o CEP). Consegui uma aula externa e fomos a uma agência na rua do colégio. Lá ensinei como procurar CEP nas listas (eles acharam complicado e se aliviaram ao saber que pelo site Correios também é possível encontrar). A última tarefa foi cada um postar sua carta.

Comente os resultados da experiência
O objetivo inicial era o de ilustrar o ensino das cartas pessoais, pois nos tempos de correspondência eletrônica, não interessa mais a essa faixa etária saber como se escreve uma carta, não há mais a cultura do correio para fins epistolares. Por isso o curta serviria de incentivo, além de mostrar para a geração atual como era a comunicação sem nosso tão banalizado e-mail, pois muitos alunos nunca receberam uma carta e não entendem sua necessidade e prazer. No momento em que falei do Henfil, achei extremamente curioso o interesse dos alunos em todos os aspectos: sua doença foi explicada pela prof. Rosana, de Biologia, que, por uma feliz coincidência, estava explicando tecido sangüíneo àquela altura do ano. Também se interessaram em saber mais sobre o exílio e a censura na Ditadura e foram auxiliados pelas aulas de História. Apesar de não entenderem como só nos comunicávamos através de cartas, quando se tratava de comunicação escrita, aos poucos se encantaram pela comunicação via papel. Na semana seguinte à aula em que fomos aos Correios, eles fizeram uma campanha "Um dia sem e-mail", tentando apenas usar cartas e/ou bilhetinhos para se comunicarem durante o dia com alunos de outras salas e/ou turnos. Assim, descobriram o prazer de receberem as notícias escritas à mão. Além de se darem conta que por intermédio das cartas, podemos contar histórias de um modo muito interessante. Foi um trabalho que pretendia utilizar apenas duas aulas, mas tomou grande proporção, ao ponto das outras disciplinas abrirem grandes parenteses durante suas aulas para explicarem algum ponto que interessava os estudantes. E os pais elogiaram muito (alguns deles receberam as cartas postadas) e vieram pessoalmente me agradecer. Para a próxima turma, pretendo realizar o mesmo trabalho em união com as disciplinas de Biologia e História, pois todos estão muito satisfeitos com os resultados.