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O Cinema e a Literatura: uma experiência dialógica

Filme Utilizado A Invenção da Infância | Documentário | De Liliana Sulzbach | 2000 | 26 min | RS



Data da Experiência:12/10/2009

Disciplina(s): Língua Portuguesa

Nível de ensino da turma*: Ensino Fundamental II

Faixa etária da turma*: de 10 a 14 anos

Nº de alunos que assitiram esta sessão:38

Autor do relato:Eliege Cristina Pepler

Instituição:NOSSA SRA MEDIANEIRA, COL- ED INF/EF/MED
| PR | CURITIBA
| Particular
Objetivos do uso do filme
Sensibilizar os alunos para as diversas visões sobre o que é ser criança hoje.
Analisar os elementos fílmicos da obra "A invenção da infância" (fotografia, constituição de cenários, etc)
Analisar as variedades linguísticas que aparecem no filme.
Relacionar o filme "A invenção da infância" com o texto "Lixo que não é lixo, gente que não é gente"
Refletir sobre o que é o trabalho infantil.Comparar o trabalho braçal das crianças com as agendas de atividades destinadas ao público infantil (balé, inglês, natação, entre outros)
Analisar as personagens do texto "Lixo que não é lixo, gente que não é gente", num diálogo com as personagens do filme "A invenção da infância".
Analisar os espaços do filme e do texto.
Refletir sobre o que é qualidade de vida e o consumismo a partir da leitura do filme.

Sequência de atividades envolvendo o filme
1) - Leitura do Texto "Lixo que não é lixo, gente que não é gente". Esse texto retrata a vida de um garoto que junto com o pai percorre as ruas de Curitiba no carrinho de papel e que retrata a metrópole por meio de uma visão singular obtida de cima da montanha de papel recolhida pelo pai, que, à noite, vítima do alcoolismo, maltrata a família. 2) - Preparação para a sessão do filme: conversa com os alunos para que observem e anotem os elementos fílmicos a serem resgatados em trabalho posterior - principalmente análise de fotografia (espaço, cores, etc) e variedades linguísticas. 3) - Assistir ao filme, sem interrupções, e posteriormente abrir as discussões acerca dos seguintes temas: a) Trabalho infantil b) A agenda superlotadas das crianças. Que tempo sobra para brincar? c) As diferenças regionais e também sociais influenciam nas diferentes formas de expressão oral? d) O que é o trabalho na visão das crianças do filme e o texto lido? e) E a escola? O que significa para essas crianças do filme e do texto o acesso à educação? f) Ser criança é sinônimo de ter infância? 4) Após as discussões e sistematização das atividades, os alunos assistem novamente ao filme, agora com a decupagem, para perceber os elementos fílmicos e as variedades linguísticas e realizar as anotações necessárias. 5) Divididos em grupos do trabalho de pesquisa, os alunos são motivados a refletir sobre o filme e discutem suas impressões com os colegas. 6) Após a discussão, os grupos apresentam aos demais suas conclusões a respeito da infância e sobre a pergunta final: ser criança significa ter infância? 7) A partir das discussões, os alunos criam manifestos pensando na sua realidade. Esse material os auxilia na preparação de uma matéria da revista da turma e também na criação do documentário no terceiro trimestre, 2ª parte do trabalho de pesquisa. O filme dos alunos tem por objetivo mostrar a Curitiba real, diferente daquela "pra inglês ver", como diria Dalton Trevisan.

Comente os resultados da experiência
Diante do projeto pedagógico de ensino de Língua Portuguesa do Colégio, procura-se o diálogo entre diversas linguagens no intuito de enriquecer as discussões acerca de temas importantes na construção do conhecimento - não somente acadêmico, mas principalmente na formação humana de nossos educandos. Este ano, durante a Semana da Leitura, tive a felicidade de conhecer e trabalhar um belo texto chamado "Lixo que não é lixo, gente que não é gente" e como já conhecia o documentário "A invenção da infância" percebi a oportunidade de um trabalho pedagógico reflexivo, dialógico, crítico e muito atual. A partir de estratégias de leitura, análise e reflexão acerca dos elementos do texto e do filme, abordei os temas que nos são imprescindíveis no trabaho de pesquisa que, na 5ª série, aborda a questão do olhar do educando para si, para o outro e para o contexto que o cerca. Esse descolamento do eu para a percepção do outro (exercício da alteridade) provocou nos alunos a necessidade de refletir acerca da sua condição de criança na atualidade. Ao se deparar com a realidade das criançpas do interior baiano em contraposição com a das paulistas, os alunos perceberam que fazem parte de um tempo em que ricos ou pobres, o direito de ter infância é sonegado para a maioria. As discussões em grupo demonstraram que a maioria sente um deconforto com relação às suas agendas superlotadas de atividades e como lhes sobra pouco tempo para brincar. A vida numa grande cidade também lhes impossibilita brincar livremente nas ruas, como as personagens baianas do filme. A realização deste trabalho possibilitou que o educando, ao deslocar-se do seu habitual lugar de conforto, confrontasse suas experiências pessoais e as relacionasse com as vividas pelas personagens, resultando num momento riquíssimo de reflexão acerca dos temas abordados. Depois das discussões, concluíram que ainda há espaço para se viver com dignidade e com respeito ao direito que todos têm de ser criança e ter infância.